Ara Pacis: a arte entre o sagrado e o profano — conferência por manuel gantes
19 NOVEMBRO > 17H00 I ACCADEMIA DI BELLE ARTI DI ROMA
Conferência por Manuel Gantes
A arte mantém-se numa permanente tensão entre o sagrado e o profano.
Propõe-se uma reflexão sobre o lugar da arte no mundo na perspectiva de um pintor e da sua experiência.
Segundo alguns autores a arte começou por ser uma forma de magia, ter-se-á convertido numa forma de religião e, finalmente em mercado?
A arte é o sagrado melancólico do mundo e a sua irrisão também é vaidade de vaidades.
Ara Pacis: o sagrado transformado em profano? Depende das perspectivas de poder ou de entendimento da arte como um todo? Encontram-se, em cavernas da Patagónia, mãos pintadas idênticas, no processo de criação (stencil), às de Altamira: A inteligência da arte. O artista enquanto pré-historiador?
O que interessa de facto é a relação entre o espectador e o pintado, há uma fundamental experiência do tempo: lembra-te que és mortal, sem arte não há vida real, tudo são ilusões. Por isso a arte interessa como uma forma de reflexão sobre o nada que resta e o nada que resta é a arte.
A ideia de morte da pintura só pode ter valor programático, não é inocente nem factual no sentido de necessária. Tal como, independentemente de ser antidoutrinária, a crítica do poder é civilizadamente ignorada e o culto do espúrio exaltado.
Palavras-chave: Arte, desenho, sagrado, profano, tempo.
Manuel Gantes, Lisboa, 2019