Revista de Investigação Artística, Criação e Tecnologia N.3 — Chamada de Trabalhos
20 JULHO — 15 SETEMBRO 2021
RIACT
Revista de Investigação Artística, Criação e Tecnologia
CHAMADA DE TRABALHOS, N.3
TEMA: Vídeo e pintura: movimentos paralelos.
Investigação artística sobre a imagem-fluxo
I use the term ‘screen-reliant’ as opposed to ‘screen-based’ to signal that a screen is a performative category. Almost anything — glass, architecture, three-dimensional objects, and so on — can function as a screen and thus as a connective interface to another (virtual) space. […] The screen, then, is a curiously ambivalent object — simultaneously a material entity and a virtual window; it is altogether an object which, when deployed in spatialized sculptural configurations, resists facile categorization.
— Kate Mondloch, Screens. Viewing Media, Installation Art, p.2
Paralelamente à necessidade de uma reflexão sensível e actualizada sobre os aspectos que separam e aproximam a investigação artística da criação artística (tema recorrente da RIACT), seja em ambiente académico e universitário, seja nas margens deste, a chamada de trabalhos para a 3ª edição da revista tem como horizonte temático a investigação da imagem em movimento dentro do movimento técnico e expressivo da imagem nos campos da pintura e do video (com ou sem preponderância de um dos media implicados), assumindo-se para tal uma orientação clara e aberta de trabalho, a saber: o movimento latente que varre por dentro o movimento formal e plástico de uma imagem, constitui uma característica comum à pintura e ao vídeo.
Trata-se-á de indagar modalidades de imagens que se conectam incessante e dinamicamente com outras imagens e outros momentos-lugares (simultâneos ou sucessivos), seja nas produções que realizam essa conexão de maneira explícita, algo que espontaneamente aceitamos em relação ao video, seja nas produções que o fazem de maneira mais diferida enquanto experiência de inferência de movimento, algo que no passado caracterizou a pintura.
Sendo assim, fazendo a suspensão da distinção clássica entre imagem fixa e imagem em movimento, pretende-se que os ensaios para esta edição da RIACT tragam contributos originais e sustentados para a superação daquilo que separa a imagem-fixada da imagem-fluxo, apresentando uma reflexão que se ocupe da existência de um movimento dentro de outro movimento nas duas expressões artísticas.
Uma vez aceite a possibilidade da oscilação incessante das imagens picturais e das imagens videográficas, deparamo-nos com duas atitudes investigativas, passíveis de interligação: (1) a investigação a apresentar enraiza-se na prática artística, isto é, parte desta para a montagem do discurso plástico, para num segundo momento perscrutar o encadeamento e a formação interna (subjectiva) das imagens que foi suscitada pelas formas e dispositivos externos, e assim sucessivamente, enriquecendo os processos de formação das imagens concretas e a reflexão específica que as mesmas desencadeiam. (2) Ou então, a investigação brota da criação de imagens e da instalação de dispositivos picturais ou videográficos, enfatizando num espaço dado (palpável) o dinamismo e a interferência das imagens e dos espaços criados, seja com os suportes e os materiais convencionais, seja com outros que constituam alternativa para a noção de uma imagem que é um fluxo.
Se a nossa atenção se dirigir para a expressão videográfica, para além da exploração das imagens latentes que habitam a plasticidade das imagens em movimento, a investigação ocupa-se também da valorização artística de tudo o que existe entre a fonte das imagens materiais e os espectadores-participantes na obra.
Se, por outro lado, a investigação visar a conexão dinâmica das imagens no campo da pintura, esta pode espacializar-se de modo instalativo, com a criação de diferentes zonas para a intervenção pictórica, sugerindo tempos e percursos diferenciados de apropriação da imagem-fluxo pictural.
Por fim, se a opção for a interpenetração do video e da pintura, com a articulação criativa de diversas temporalidades e de circuitos paralelos de imersão para os espectadores, o campo tornar-se ainda mais heterogéneo, como bem sugere Jihoon Kim na passagem com que terminamos esta chamada para trabalhos:
“A more significant impact of digital video on the creation of hybrid moving images that engender the coexistence of painting, photography, and film is temporal manipulation, in that it contributes to oscillation between stasis and motion. Indeed, the dissolution of stillness/movement boundaries dates back to analogue video.”
— Jihoon Kim, Between Film, Video, and the Digital, p.64
DE ACORDO COM O NOVO REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS É OBRIGATÓRIO QUE OS AUTORES PREENCHAM ESTE FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO