“Traz outro amigo também”_ exposição de Maria João Barcelos
3 > 15 JUNHO 2024 | GALERIA DA FACULDADE DE BELAS-ARTES
Inaugura no próximo dia 3 de junho, pelas 17h30, na Galeria da FBAUL, a exposição Traz outro amigo também, de Maria João Barcelos, integrada no projecto Chiado, Carmo, Paris. Os Caminhos de Salgueiro Maia.
A exposição pode ser visitada até dia 15 de junho e tem a curadoria de José Quaresma.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.
Horário: 2ª a sáb. -11h00/19h00
A “travessia” desta obra de Maria João Barcelos, “Traz outro amigo também”, numa clara alusão à canção de José Afonso, projecta-nos para a contemplação da face de Salgueiro Maia, mas também nos convida a imergir numa multidão de rostos anónimos. Caras que simbolizam uma vasta comunidade que se ergue, que se mostra, que se faz escutar, que tem, afinal, “rompedores” como o “nosso” Capitão Salgueiro Maia, e ainda, José Afonso, ambos sujeitos da “História Universal”, como diria Hegel, ou seja, que têm diversas características em comum, nomeadamente a mundivisão libertadora, a coragem física e moral, a extrema competência dos seus actos e desafios.
“Os grandes indivíduos na história universal são, os que apreendem este universal superior e o convertem em fim seu; são os que realizam o fim conforme ao conceito superior do espírito. Devem, nesta medida, chamar-se heróis. Não vão buscar o seu fim e a sua missão ao sistema tranquilo e ordenado, ao decurso consagrado das coisas. A sua justificação não reside na situação existente, mas vão buscá-la a uma outra fonte. Esta é o espírito oculto, que bate à porta do presente, o espírito ainda subterrâneo [...] o espírito para o qual o mundo presente é apenas uma casca que contém em si um outro cerne, diferente do cerne a que pertence.” (Hegel, A Razão na História. Introdução à Filosofia da História Universal).
A instalação gráfica e têxtil aqui apresentada faz a transfiguração artística deste cerne, deste sentimento de comunidade emergente e imparável (que oscila sempre entre dissentimento e “voz universal”). O trabalho de Maria João Barcelos torna ainda pertinente e actual a “ideia” hegeliana que aproxima um Povo de um determinado agenciamento individual (raro, também heróico), proporcionando-nos imagens tocantes e criativas de mulheres e homens cuja vontade anseia por escolhas livres, autónomas, neste caso específico, através de um pulsar artisticamente reconfigurado em múltiplos rostos que se entrecruzam com o rosto de Maia.
A artista plástica Maria João Barcelos foi convidada a realizar esta exposição por ter desenvolvido um vasto conjunto de estudos e obras (bidimensionais e tridimensionais), com diversas tecnologias e linguagens, sendo esta instalação uma síntese da qualidade do seu trabalho artístico e devoção aos temas do projecto dedicado a Salgueiro Maia.
José Quaresma
25 de maio, 2024