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Chiado, Carmo, Paris: os “lugares” de Dordio Gomes e as bifurcações da pintura
Dez 04 202305 > 31 DEZEMBRO 2023 I LODZ, AULA GALLERY AKADEMIA SZTUK PIEKNYCH IM. STRZEMINSKIEGO
07 NOVEMBRO > 20 DEZEMBRO 2023 I SPAZI ESPOSITIVI ACCADEMIA DI BELLE ARTI, BOLOGNA
17 JUNHO > 30 SETEMBRO 2023 I CITA, ARRAIOLOS
11 > 31 MAIO 2023 I AUDITORIO MANUEL DE FALLA, GRANADA
04 > 31 MAIO 2023 I CASA DE PORTUGAL, PARIS
No próximo dia 5 de dezembro, inaugura em Lodz, Polónia, a sexta exposição Chiado, Carmo, Paris: os lugares de Dordio Gomes e as bifurcações da pintura, relativa ao pintor e pedagogo Dordio Gomes, em paralelo com artistas coevos de Espanha, Itália, Brasil e Polónia, escolhidos pelos curadores. Depois das exposições em Lisboa, Porto, Paris e Granada, as interpretações de muitos estudantes e docentes da FBAUL sobre o Dordio Gomes serão expostas no seu “lugar natural”, Arraiolos, onde podem ser apreciadas em coabitação com obras de estudantes e docentes dos países convidados para integrar o projecto “Chiado, Carmo, Paris. Artes na Esfera Pública”.
A exposição ficará patente até 31 de dezembro.
A exposição no spazi espositivi Accademia di Belle Arti, em Bolonha, Itália esteve patente entre 7 de novembro e 20 de dezembro.
A exposição no Centro de Investigação do Tapete de Arraiolos (CITA) esteve patente entre 7 de junho e 30 de setembro.
A exposição no auditório Manuel de Falla, em Granada esteve patente entre 11 e 31 de maio.
A exposição na Casa de Portugal, em Paris, esteve patente entre 4 e 31 de maio.
Inaugurou no dia 10 de março, no Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, a “Colectiva” que integra estudantes e docentes da Faculdade de Belas-Artes da UL, em parceria com docentes e estudantes das Belas Artes de Granada, exposição integrada na programação que teve início no mês passado, cujo ponto de irradiação, nacional e internacional, é a FBAUL. Aos artistas portugueses foi feito um convite para realizarem obra em torno de Dordio Gomes (que tem no acervo daquele museu as suas “Casas de Malakoff”). Os artistas da Faculdade de Belas Artes de Granada, por sua vez, trabalharam em torno de Manuel Ángeles Ortiz (1895-1984), com a coordenação de Juan Carlos Guadix.
A exposição fica patente até 30 de abril.
Pela FBAUL, temos: Catarina Mendes / Cláudia Colares / Gina Martins / Joana Alves / João Castro Silva / José Quaresma / Nadya Ismail / Nicoleta Sandulescu / Paulo Lourenço / Pedro Zhang / Suzana Azevedo / Tiago Baptista / Vasco Moura / Xavier Tourais
Pelas Belas Artes de Granada: Andrés Macías / Bethânia de Sousa / Enrique Marín / José Gracia Pastor / Juan Carlos Guadix / Mairen Gutiérrez / Noelia Jiménez / Patricia Hurtado / Ramón Santa Cruz / Ricardo Garcia.
O PROGRAMA do Chiado, Carmo, Paris: os lugares de Dordio Gomes e as bifurcações da pintura iniciou no dia 23 de fevereiro, às 14h30, no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), com o primeiro de seis ciclos de conferências e a primeira de sete exposições internacionais, sendo a primeira exposição constituída por três núcleos, a visitar em sequência: Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), Museu Arqueológico do Carmo (MAC). Este projecto tem a coordenação do docente da FBAUL, José Quaresma.
No mesmo dia procedeu-se ao lançamento do livro com 11 ensaios em torno da obra deste pintor, aos quais se juntam outros ensaios sobre artistas coevos de Dordio (oriundos de Espanha, Brasil, Polónia e Itália).
O evento é passível de ser registado e divulgado pela Faculdade de Belas-Artes através de fotografia e vídeo
INSCRIÇÃO NOS CICLOS DE CONFERÊNCIAS
A inscrição é obrigatória em cada uma das conferências:
Museu Nacional de Arte Contemporânea (23/02/2023) – INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Grémio Literário (21/03/2023) – INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto (20/04/2023) - INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Casa de Portugal, Paris (04/05/2023) - INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Auditorio Manuel de Falla, Málaga (11/05/2023) - INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos (17/06/2023) – INSCRIÇÕES ENCERRADAS
De acordo com o texto da Introdução do Livro / Catálogo:
“Por via da apropriação artística, da discussão estética e da produção ensaística, pretende-se reaproximar Dordio Gomes dos seguintes lugares: (1) do Chiado, nomeadamente do MNAC, onde existem obras muito representativas do seu percurso artístico, e da Faculdade de Belas- Artes de Lisboa, anteriormente a Academia Real de Belas Artes, na qual ingressa aos 12 anos para realizar a sua formação artística (e pessoal); (2) da cidade de Paris, onde viveu e trabalhou em dois períodos distintos da sua vida, cidade a partir da qual empreendeu visitas a vários países europeus, por exemplo Itália e Suíça; (3) da Vila de Arraiolos, à qual regressou várias vezes, por diversos motivos; (4) e ainda do Porto, devido, por um lado, ao facto de lá ter leccionado cerca de três décadas, contribuindo para a formação de diversas gerações de artistas portugueses, e, por outro lado, pelo facto de estar representado no Museu Nacional Soares dos Reis com obras muito relevantes.
Paralelamente à elaboração de um conjunto significativo de ensaios em torno de Dordio, assim como textos relacionados com as Artes na Esfera Pública, este ano o projecto Chiado, Carmo, Paris permitiu desenvolver obras de arte relacionadas com algumas fases da actividade artística de Dordio Gomes, sempre com preocupações contemporâneas e numa lógica de apropriação criativa, capaz de fazer mediações plásticas entre a sensibilidade artística dos autores de hoje e as descobertas e bifurcações que este pintor trouxe à arte portuguesa. Trata-se de um desafio colocado a doze artistas emergentes e a quatro professores da FBAUL para o alargamento das potencialidades da obra de Dordio Gomes, que se vão interligar a estudantes e docentes do ensino artístico superior em Espanha, Brasil, Itália e Polónia, num total de 45 artistas europeus, com sete exposições colectivas a realizar em Lisboa, Porto, Paris, Granada, Arraiolos, Bologna e Lodz.
Como o projecto integra artistas estrangeiros cujas orientações artísticas não necessitam de coincidir com as motivações portuguesas, propôs-se aos curadores estrangeiros que sugerissem aos estudantes e docentes das respectivas instituições de ensino um artista plástico que na década de 1920 tenha estado em contacto com a cultura francesa, designadamente parisiense, ou que tenha realizado obra muito representativa para os respectivos meios artísticos. O compromisso colectivo que solicitámos aos curadores e ensaístas estrangeiros consistiu em trazer esses artistas para o presente, enfatizando-se assim o que os mesmos possam ter partilhado com Dordio Gomes, designadamente o Cubismo, o Expressionismo (ou certas vagas de Neo-expressionismo), Cézanne e as vagas de Cezanismo na pintura; entre outros pontos de contacto com a obra de Dordio Gomes. Os artistas estrangeiros sobre os quais também se engendraram obras de arte, elaboraram ensaios e vão realizar conferências são os seguintes: Brasil: Tarsila do Amaral (1886-1973); Granada, Espanha: Manuel Ángeles Ortiz (1895-1984); Bologna, Itália: Renato Guttuso (1911-1987); Lodz, Polónia: Leon Chwistek (1884-1944).
Desta forma, com esta diversidade de autores, confluência de vontades e aproximação de horizontes distintos de trabalho, esperamos dar continuidade aos esforços de mudança artística, pedagógica e estética desenvolvidos por Dordio Gomes.”
José Quaresma
m. heidegger, h.-g. gadamer, p. ricoeur. temas de estética — livro de josé carlos pereira
Nov 29 202305 DEZEMBRO 2023 > 17H30 I CINEMATECA PORTUGUESA (LIVRARIA LINHA DE SOMBRA), 1º PISO
Realiza-se no dia 5 de dezembro, pelas 17h30, na Livraria Linha de Sombra na Cinemateca Portuguesa, a apresentação do livro M. Heidegger, H.-G. Gadamer e Paul Ricoeur. Temas de Estética de José Carlos Pereira, pelo filósofo Rui Lopo.
O lançamento do livro será antecedido por uma mesa redonda sobre o Valor da Arte, moderada por João Almeida, director da Antena 2, com a participação de Carla Caramujo (Soprano), Rui Morais (OPART / TNSC / Cistermúsica), Filomena Ferreira (Assessora Presidência e Comissão Cultural / ISEG) e José Carlos Pereira.
Enquanto resultado de um ato radicalmente livre, a obra de arte não é formulável, ou assimilável teticamente; implica a totalidade do ser e do seu sentido, e refaz a noção de experiência a partir da coação do sentimento e do pensamento, distante de qualquer primado psicologista ou meramente estésico; esta experiência poderá caber na formulação do poetar pessoano, na evocação da pobre ceifeira: “o que em mim sente está pensando”. Com Heidegger, interlocutor privilegiado de Gadamer e Ricoeur, podemos concluir que se é a própria dimensão temporal do Dasein que abre a possibilidade de superar a dimensão histórica do tempo, é o “com-sermos” com a obra de arte na experiência estética, enquanto o que poderá haver de mais autenticamente humano, que pode confirmar a indissociável relação entre liberdade e criatividade, facto que abre um horizonte expectante para o ser humano no século XXI. Este livro constitui uma meditação acerca da estética filosófica presente no pensamento de M. Heidegger, H.-G. Gadamer e P. Ricoeur.
José Carlos Pereira
revista “convocarte” nº 12/13 — arte e paideia / art and paideia / art et paideia — apresentação
Nov 10 202323 NOVEMBRO 2023 > 19H00 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Apresentação da revista Convocarte – tema do dossier temático: Arte e Paideia – n.º 12 e 13.
Com Fernando Rosa Dias, coordenador geral da revista, Ana Sousa, coordenadora do dossier temático, e alguns dos autores que participaram.
“O ateniense – Entendo assim por educação [paideia] a primeira aquisição que a criança faz da virtude [aretê] (…)”
(Platão, Leis, século IV a.C., Livro II, 653)
“Ao empregar um termo grego para exprimir uma coisa grega, quero dar a entender que essa coisa se contempla, não com os olhos do Homem moderno, mas sim com os olhos do Homem grego. Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente com o que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez.”
(Jaeger, Paideia: A Formação do Homem, 1995 [1933], 1)
Se originalmente paideia (que surge pela primeira vez na peça teatral Os Sete contra Tebas, Ésquilo, 467 a.C.) designava simplesmente a “criação dos meninos”, à medida que filósofos como Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles refletem sobre o seu significado, este conceito adquire maior densidade, passando a agregar, não só a ideia de aretê (do grego ἀρετή, excelência ou virtude moral), como de kalos kagathos (do grego καλὸς κἀγαθός, belo e bom ou virtuoso), com vista à formação do homem completo e, especialmente, do cidadão justo. Para isso, deveriam ser selecionadas e incentivadas aprendizagens, algumas artísticas, que conduziriam à assimilação de tais valores: “O termo grego paideia evoca tanto o próprio conteúdo da cultura como o esforço para constituir, na criança (Pais, Paidós) um património de valores intelectuais e morais que a integram na comunidade humana”.
(Mialaret e Vial, 1981, p. 165)
Em março de 2024, está prevista um grande encontro Convocarte, com lançamento dos volumes impressos dos temas Arte e Loucura (2020), Arte e Paideia (2022), e a versão digital de Arte e Mobilidade (2023), além da apresentação do tema de trabalhos para 2024: Arte e Ecologia.
CONVOCARTE | revista de ciências da arte (ulisboa.pt)
os espelhos e o desenho em perspectiva linear — livro de antónio oriol trindade
Nov 10 202322 NOVEMBRO 2023 > 15H30 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Realiza-se no dia 22 de novembro, pelas 15h30, no Auditório Lagoa Henriques, a apresentação e o lançamento do livro Os Espelhos e o Desenho em Perspectiva Linear de António Oriol Trindade.
Depois desta data o livro encontra-se disponível na Biblioteca da Faculdade de Belas-Artes.
António Oriol Trindade é Professor Auxiliar com Agregação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, integrando o Departamento de Desenho da FBAUL. Paralelamente exerce também a actividade de Artista Plástico. Atua na área de Desenho Geométrico, tendo como focos de interesse as Geometrias da Representação e Belas Artes. Publicou um livro em 2015e tem publicado vários artigos científicos e textos artísticos, tendo já participado em cerca de 60 exposições colectivas no país e no estrangeiro, outros projectos artísticos de encomenda e realizado 19 exposições individuais.
PREFÁCIO
Este livro com o título Os Espelhos e o Desenho em Perspectiva Linear, resulta de um desenvolvimento da nossa aula de seminário das provas de Agregação, concluídas no dia 29 de Abril de 2022, conjugada com a nossa experiência científica, pedagógica e artística no que respeita à utilização e investigação sobre os espelhos, sobretudo no desenho de representação de reflexos de formas, objectos e conjuntos no sistema de perspectiva linear em quadro plano.
Começando por referir esta temática em termos históricos e a sua inclusão e aplicação às artes visuais e artes plásticas, do Renascimento à Contemporaneidade, referimos também a nossa experiência artística na utilização de espelhos, particularmente em três exposições por nós efectuadas em 2004, 2005 e 2016, respectivamente em Lisboa e no Porto.
Ao mesmo tempo, como a nossa área de investigação está centrada no Desenho e particularmente no desenho geométrico, achámos interessante ver esta temática dos espelhos e da reflectância em espelhos planos aplicada ao desenho geométrico e em particular ao sistema de perspectiva linear, um dos ramos da Geometria Descritiva.
Há regras e métodos geométricos muito precisos para se determinar com grande rigor reflexos de formas e de conjuntos sobre superfícies especulares. Neste sentido referimos também no livro o contributo e o desenvolvimento histórico dos autores mais significativos que relacionaram esta temática dos espelhos com a ciência da perspectiva linear.
Por fim, apresentamos um exemplo ou um caso mais detalhado e descritivo de um problema ou exercício específico da perspectiva linear de uma forma inclinada e seu reflexo num espelho de perfil, onde podemos observar efeitos curiosos. Os espelhos têm esta particularidade de reflectir novas formas, ou novos conjuntos, mostram a unidade na multiplicidade.
“(…) o espelho, não sendo nenhuma imagem, contém em si mesmo a possibilidade de todas as imagens”.
Nuno Crespo, Revista Ípslon, 2017.
revista “convocarte” nº 14/15: arte e mobilidade: eppur si muove! / ART AND MOBILITY: Epur si muove! / ART ET MOBILITÉ: Epur si muove! — chamada de trabalhos
Nov 05 2023Apresentação e lançamento da versão digital prevista para fevereiro 2024 | Presentation of the digital due in February 2024 | Présentation et sortie de la version numérique prévus pour février 2024.
Arte e Mobilidade: Eppur si muove! [PT]
Eppur si muove ou E pur si muove, normalmente traduzido como «mas movimenta-se» ou «no entanto ela move-se», é uma frase que se atribui a Galileu Galilei. Polemicamente, e segundo a tradição, ela terá sido afirmada logo após Galileu renegar a visão heliocêntrica da Terra perante o tribunal da Inquisição.
Além da retórica da expressão, que faz um tropos ao que se acabara de renegar, invertendo o seu sentido, ela tem esse cunho de nos dizer que a estaticidade é um limiar impossível ao ser humano, porque estamos sempre em movimento. Também, e para além da ironia actual da expressão, na saída de uma situação global de confinamento, que nos obrigou à imobilidade, a expressão surge com uma força cultural de resistência, de recusa da imobilidade nos seus impedimentos e restrições aos corpos e aos objetos, para assim nos lembrar a força de resiliência da fala, da acção ou da coragem.
Se este apelo à mobilidade tem esta tradição de coragem deontológica na história da ciência, servindo de exemplo a manutenção de princípios apesar de violentas pressões externas em sentido contrário, facilmente lhe encontramos toda uma espessura cultural nas artes. A mobilidade pode assumir um primeiro grande plano da deslocação do artista, busca por novas influências e formações que ampliem os horizontes da sua capacidade de produzir Arte.
A aceleração da dinâmica e tensão dos ismos, que marcam a arte ocidental desde a entrada na era industrial, não prescinde da relação com outras possibilidades de deslocação, mais rápida e de constante aceleração. Tal permite pensar que a relação entre os movimentos da história e os da deslocação do espaço geográfico estão relacionados. A mobilidade implica a conjugação do espaço e do tempo, mas também mobiliza rupturas.
Mas, não se trata de fenômeno novo. Muito antes da revolução industrial e das facilidades da aldeia global, conectada no instante da velocidade da luz da Internet, sempre houve viagem na Arte, permitindo a troca e partilha de objectos artísticos, como das suas técnicas e estilos. A história da arte é um vasto mapa de viagens de contatos artísticos, de deslocações de artistas e obras, que transportam consigo uma partilha de influências. Impossível, assim, separar o movimento de artistas e obras que se tem dado ao longo do tempo, pois tudo isso se liga aos próprios movimentos da história da arte.
Mas, se a ênfase à mobilidade não se dá como fenômeno novo, o momento contemporâneo amplia a dimensão e velocidade das mobilidades já presentes nas culturas Paleolíticas, Mesolíticas ou Neolíticas, ou nos nomadismos dos povos primevos das Américas, África e Oceania. Há múltiplas possibilidades de abordar o problema das culturas itinerantes nos dias que correm, cuja lógica artística e cultural assenta na disponibilidade constante ao móbile.
Agente crucial na questão da mobilidade nas artes é o próprio artista. O artista em viagem amplia a sua experiência e conhecimento. O viajar, como prolongamento da sua formação, é decisivo sobretudo a partir da Era Moderna e com o espírito do artista culto do Renascimento. A deslocação pode servir para uma formação e crescimento de si, como pode trazer consigo rupturas, ser exílio, voluntário ou involuntário, político ou artístico, dimensões que têm marcado a história das civilizações.
A deslocação pode dar-se por razões de um projecto artístico, como o caso do ar livrismo, que determinou uma das questões mais relevantes da história da pintura do século XIX, culminando num dos movimentos artísticos mais míticos da arte moderna, o Impressionismo, sobretudo com o ar livrismo total de Monet. Ou, mais recentemente, as derivas dos situacionaistas ou as caminhadas de Richard Long no âmbito da Land Art ou, enquanto acção artística, a famosa deslocação de uma montanha de Francis Alÿs, obra com Cuauhtémoc Medina e Rafael Ortega (When Faith Moves Mountains, 2002), entre muitas outras.
Nesse dossiê temático, propomos uma profunda reflexão sobre a viagem nos estudos artísticos das Artes, desde a noção de artista viajante, com seu diário de viagem, o ar livrismo e as residências artísticas, ou seja, da viagem como fundamento ou processo artístico. Também interessam as relações entre as instituições artísticas e a viagem cultural como mercado, enquanto dimensão turística da arte, lançando a discussão entre a necessidade de visita e a criação artística. Tal como há um turismo do artista, mesmo pondo em jogo os estigmas desta palavra enquanto modo de viagem, há um alargado e intenso turismo da e para a Arte, motivando e mobilizando deslocamentos.
Problematizar a mobilidade chama tanto o seu excesso e poluição (por exemplo, a noção de «dromologia» de Paul Virilio), como a ideia de imobilidade, extremos necessários à discussão do que os deslocamentos assinalam no mundo da arte. Além das ditas artes do tempo, como a literatura, a performance, o cinema ou a música, também as artes plásticas, ditas do espaço, se implicam no movimento, com vários artistas a entrarem na mobilidade dos referentes, como Delacroix, Degas, Rodin, os futuristas ou, por outra via, o próprio cubismo, com a sua ideia da deslocação do artista em torno do referente. O movimento torna-se assim um tema ou problema para a representação. Mas também pode ser um problema construtivo da obra, permitindo estender a questão às obras cinéticas, reais e virtuais, do construtivismo russo à Op Art.
A mobilidade encontra-se como questão cultural abrangente, como deslocação dos seus agentes (desde dimensões da produção, a partir do lugar do artista, como da recepção, e em torno do lugar do observador) e toda a partilha cultural daí advinda, como pode ser uma questão da obra, da sua deslocação física, seu tema ou modo de relação com os seus motivos, como ainda da sua construção interna.
Portanto, fica claro a necessidade de uma resposta a esse interesse investigativo e criativo, tanto da comunidade acadêmica quanto artística, que por diferentes perspectivas consubstanciam arte e deslocação, numa relação profícua. Assim, propomos como desafios à reflexão, algumas temáticas:
– A velocidade, viagem e mobilidades nas artes.
– O artista viajante e em deslocação, das peregrinações, às missões artísticas, ao ar livrismo, ou às recentes residências artísticas.
– As residências artísticas como jogo deslocação e possível fixação temporária, desenhando cenários e impactando a [re]criação artística.
– Deslocações por exílio, migrações e outros caminhos pós-coloniais
– Projectos artísticos assentes na ação e na mobilidade, implicando a deslocação.
– A deslocação de colecções e obras, em exposições ou saqueadas historicamente.
– Obras e coleções em deslocações: o artístico tornado evento.
– Percursos artísticos no mundo do eu, enquanto artística, curador, espectador, etc.
– A mobilidade cultural dos processos artísticos, sobretudo no espírito da arte moderna e contemporânea e sob o signo das vanguardas artísticas.
Mas, dentro do princípio Eppur si muove, a proposta abre-se ao acolhimento de outros possíveis desafios. Pode-se ensaiar sobre o contraponto aos impedimentos de mobilidade, aos processos, impositivos ou não, de imobilidade, como o recente caso global da pandemia do Covid 19. Porque: Eppur si muove
2º volume da Coleção Lições de Arte & Design, de João Castro Silva, em destaque na Fedrigoni Club
Mai 17 2023FEDRIGONI CLUB
roer o risco
Mai 16 202305 > 19 MAIO 2023 I GALERIA
Inaugura no dia 5 de maio, às 18h00, na Galeria da Faculdade de Belas-Artes a exposição Roer o Risco, momento em que será apresentada também a publicação relativa a esta edição da residência.
Roer o Risco é o segundo momento expositivo que deriva da 4ª edição da GRÃO - Residência Artística e de Investigação, que teve lugar na Associação Quinta das Relvas (Branca, Albergaria-a-Velha) entre 10 e 30 de Outubro de 2022.
Reúnem-se obras dos artistas Clara Saracho, Francisca Pinto, Francisca Valador, Gabriel Siams, Sally Santiago e Tiago Leonardo que, durante três semanas e em partilha, desenvolveram os seus processos criativos, usufruindo de visitas de investigação a instituições patrimoniais e culturais da região de Aveiro, e das tutorias dos artistas Cristina Ataíde, Mariana Gomes e Paulo Brighenti, que acompanharam o desenvolvimento dos trabalhos, durante a residência.
Após uma primeira apresentação em dezembro de 2022 na CABE 184, no Porto, Roer o Risco é agora repensada e apresentada na Galeria da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, com apoio curatorial de Leonor Lloret.
A GRÃO – Residência Artística e de Investigação, é um projecto desenvolvido pela Associação Quinta das Relvas, na edição de 2022 com o apoio da Direção-Geral das Artes – República Portuguesa, CIEBA – Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes da Universidade de Lisboa, FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, CABE 184 – Arte em Acção , Aderno – Associação Cultural, Unimadeiras, J.Nadais, Município de Albergaria-a-Velha e Junta de Freguesia da Branca.
Horário:
2ª a sáb. – 11h/19h
Bios Artistas:
Clara Saracho (1990, Pamplona), vive e trabalha atualmente no Porto. Iniciou os estudos nas Belas Artes do Porto e concluiu o mestrado de artes plásticas nas Beaux-Arts de Paris (2017), cidade onde viveu 8 anos. Desde 2011 expõe individualmente e em grupo em várias instituições e galerias, tais como no MacLyon, Museu de Arte Contemporânea de Lyon (2020); na galeria Art Curator Grid em Lisboa convidada pelo comissário João Pinharanda (2019); na ArCo de Lisboa (2019); no 68ème Salon de Montrouge (2018); e recebeu o Prémio de Thaddaeus Ropac (2015), com o qual fez uma residência artística em escultura no Japão, na Musashino Art University (2016).
Gabriel Siams (1996, Niterói), artista transmedia brasileiro, licenciou-se em Arte Multimédia (FBAUL) em 2019, e durante este período também foi aluno da Université Paris 8 em Arts Plastiques. Pós-graduado em Comunicação e Artes (FCSH), também frequentou Cinema (PUC-RIO), Cenografia (UFRJ). Expôs trabalhos e foi residente em diversas instituições e espaços, incluindo: Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, BoCA, Culturgest (Lisboa), Carpintarias de São Lázaro e MAAT. O trabalho de Gabriel Siams interessa-se por possíveis relações que podem ser construídas a partir de temas que surgiram a.C. e que permanecem na contemporaneidade, bem como em pesquisar os pontos de transição, o entre, as coisas. Expandindo-se através da instalação, fotografia, imagem em movimento, performance e som, geralmente, suas obras têm uma forma plural, entre a narrativa e o documentário, mas não se conformando a uma ou outra forma.
Francisca Pinto (1995, Vila do Conde) vive e trabalha em Londres. A sua prática artística foca-se essencialmente no desenho e na pintura. As imagens que produz são sobre relacionamentos humanos, bem como uma procura de conexão entre o mundo interior e exterior, baseando-se sobretudo em situações ou sentimentos. Em 2018 foi-lhe atribuída uma bolsa para a realização de uma pós-graduação na Royal Drawing School, que concluiu em 2019. Licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa em 2017. Participa em exposições coletivas com regularidade desde 2016, destacando-se: “A drawing Show”, V.O Curations (Londres, 2022), “Dose Numero 5”, Balcony Gallery (Lisboa, 2020), “In the Woods”, Linwood Close (Londres, 2020), Open Call 2019, Delphian Gallery (Londres 2019), “O Escritório”, Rua Bernardim Ribeiro no 52 (Lisboa 2018), “Quarto room.fourth”, Casa da Dona Laura(Lisboa 2017) e “A Dispensa”, Pavilhão 31 do Hospital Júlio de Matos (Lisboa 2017). Durante o tempo da residência a Francisca começou por investigar o espaço da Quinta das Relvas e os elementos naturais presentes, através do desenho à vista. Mais tarde estes desenhos constituíram um apoio para o desenvolvimento de mais desenhos e pinturas, com o intuito de retrabalhar as mesmas ideias e composições, mas agora também com o objetivo de explorar noções de procura, redescoberta e transformação.
Francisca Valador (1993, Lisboa) vive e trabalha em Lisboa. Estudou pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e fez uma pós-graduação em Práticas artísticas e processos pedagógicos na ESEI Maria Ulrich. As suas pinturas e instalações compõe-se de objetos que coleciona e dispõe de modo a criar novas narrativas e significados. Pequenos elementos, que por vezes sugerem ser muito maiores, respeitam a escala dos motivos representados, conferindo-lhes um carácter simbólico. Infímos fragmentos, juntos, tornam-se construtivos de um todo, à maneira de naturezas-mortas. Desde 2016 que tem vindo a participar em exposições individuais e colectivas. Das suas exposições destacam-se: Oneiroikos, Brotéria, Lisboa, PT (2022); COLLETTIVA #1, MONITOR, Petreto, IT (2022); Depois do banquete, Teatro Thalia, Lisboa, PT (2022); Manta Ray, Matèria Gallery, Roma, IT (2021); Dip me in the river, drop me in the water!, Galeria Pedro Cera, Lisboa, PT (2021); Reação em Cadeia #6: Las Palmas – Apofenia, Culturgest, Porto, PT (2021); A Longa Sombra, Maus Hábitos, Porto, PT (2021); Homework, Galeria Madragoa, Lisboa, PT (2020); CENTRAL ASIA: Presença Brilhante (colaboração com a dupla primeira desordem), Lisboa, PT (2019); I Will Take The Risk, AZAN Tomaz Hipolito Studio, Lisboa, PT (2019); Subterrâneo (colaboração com Eduardo Fonseca e Silva), Museu Geológico, Lisboa (2018); The dog is very confused, Galeria FOCO, Lisboa, PT (2018); Corda Bamba (colaboração com Eduardo Fonseca e Silva), Ateneu Comercial, Lisboa (2016).
Sally Santiago (1996, São Paulo) é uma artista visual e pesquisadora brasileira que atualmente vive e trabalha em Porto, Portugal. Com criações fortemente centradas na grandeza da natureza, seus projetos habitam principalmente o campo do vídeo, experimental, instalações e fotografias, focando suas pesquisas em debates sobre experiências humanas, os seus processos de transformação e a ligação com diferentes espaços – o habitar na grandeza. Faz parte do programa de doutoramento em Artes Plásticas da FBAUP, possui mestrado em criação artística contemporânea (UA/PT) e bacharel em comunicação social (UAM/BR). Em 2022 inaugurou sua primeira exposição individual, ‘Itinerários do pensar: o íntimo e o mundo’, no Porto, e recebeu menção honrosa nos vídeos ‘Na antessala da consciência’ na XII Bienal de Artes de Vila Verde e ‘Da verdade e do tempo’ no Concurso Aveiro Jovem Criador. Possui experiência em estudos de comunicação no Brasil (até 2019), colaboração com o Center of Contemporary Art – CoCA na Nova Zelândia (2020) e atualmente faz parte da equipa das instituições culturais Cultivamos Cultura e Ectopia, em Portugal.
Tiago Leonardo (2000, Lisboa) vive e trabalha em Lisboa. É licenciado em Ciências da Arte e do Património na FBAUL, e frequenta atualmente o último ano do mestrado em Estética e Estudos Artísticos com especialização em cinema e fotografia (FCSH). O seu trabalho vem a refletir a fotografia e o fotográfico no contexto específico das artes visuais, revelando o privilégio da formação teórica à prática. Surge como uma ideia, sendo a prática a mera execução da mesma. Ainda que com uma prática artística bastante recente, iniciada no ano de 2021, o artista conta já com diversas exposições coletivas. Colabora ainda com diversas publicações através da redação de artigos e ensaios na área da arte e do cinema.
apresentação do livro “Elogio da poiesis — Reflexões teóricas para a prática da investigação em artes”
Mar 01 2023
03 MARÇO 2023 > 10H00 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Realiza-se no próximo dia 3 de Março, às 10h00, no auditório Lagoa Henriques a apresentação do livro “Elogio da poiesis — Reflexões teóricas para a prática da investigação em artes”, de Fernando Rosa Dias, com a presença do autor e a participação especial de António Quadros Ferreira por zoom.
O livro já está disponível no repositório da Universidade de Lisboa em https://repositorio.ul.pt/handle/10451/56357.
Este estudo, que revê e reformula vários textos de uma linha editorial sobre a investigação em artes que acompanhamos durante uma década, procura problematizar o actual problema da investigação em artes, na sua relação com o horizonte histórico das artes e dos discursos sobre elas, tal como da criação artística, atravessando questões metodológicas, epistemológicas, hermenêuticas, entre outras.
(…)
Sublinhando a caminhada processual do método encontramos um modo de conhecimento ligado a uma produção poiética sensível, onde o erro, o acidente ou a deriva são modos privilegiados de acerto e encontro com uma nova sugestão de ideia artística com disponibilidade argumentativa e altercadora. Com todas estas premissas atrás trabalhadas procurámos entender (e propor) os mecanismos de emergência conceitual e o seu desdobramento no campo da argumentação teórica ‒ e, por isso, a sua possibilidade de conhecimento e discussão [defendida na parte II.4.4.]. Por isso, o nosso esforço de reflexão escora uma investigação em artes desenvolvida no interior da poiesis, da qual se desenreda a necessidade de um novo argumento do artista para arrostar outras razões da sua poiética.
Das posições deste trabalho, ou das mais determinantes teses que o orientam, destacamos:
1) Que não há investigação em artes sem produção artística (poiesis), tal como sem reflexão teórica (logos) sobre essa prática.
2) Que a investigação em artes traduz novos modos de articulação entre o discurso e a arte com parâmetros inéditos ao longo da história cultural das artes.
3) Que a investigação em artes deve assentar numa poiesis aberta em termos experimentais, não limitada à concepção de uma obra definitiva e certa (que se torna parte de uma poiética mais alargada), muito menos perfeita, privilegiando o caminho do processo poiético enquanto lugar de interrogações e descobertas, fazendo assim do atelier e do ensaio os seus modos.
4) Que esta poiesis deve considerar-se expandida, interminável e experimental. Poiesis expandida, integrando e problematizando os meios técnicos, institucionais, sociais, teóricos, históricos, etc., da arte-sistema, conjugando os vários modos e campos das artes no interior de um fazer (poiesis) e de um pensar (logos) artísticos como modos processuais articulados. Poiesis interminável agindo para além da mera produção de uma obra final e definitiva que se apresente como um telos da poiética, fazendo assim de qualquer produção algo tão determinantes como qualquer esboço ou estudo; Poiesis experimental actuando numa noção de ateliê como laboratório de experimentação e de partilha de vários problemas artísticos e afins.
5) Que há um lugar da investigação em artes tanto no interior do mundo das artes como da Universidade, no modo como transporta inquietações e contributos próprios às noções de verdade, conhecimento, saber, cultura, experiência, etc., considerando que estas não são dimensões redutíveis nem exclusivas às ciências tradicionais.
Investigação artística e transgressão académica
Fev 21 2023LIVRO DISPONÍVEL NO REPOSITÓRIO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O livro Investigação artística e transgressão académica, agora disponível no repositório da Universidade de Lisboa, compreende um conjunto de textos de José Quaresma escritos nos últimos doze anos sobre a peculiaridade da investigação artística, alguns inéditos, outros reeditados. Trata-se de uma edição da FBAUL, versão digital, em acesso aberto, cuja introdução poderá ser consultada AQUI.
“Há cerca de 40 anos que assistimos a um intenso debate sobre as especificidades desta investigação na esfera das artes, com um tráfego categorial inusitado entre domínios muito distintos — embora com afinidades — tais como: criação artística / investigação artística / investigação em artes / investigação sobre artes / investigação através das artes.
Considerando estas tipologias, defendo a investigação artística como aquela que se envolve de forma mais autêntica nos processos criativos, estando plenamente incorporada nos mesmos e fazendo brotar noções artísticas a partir de uma experimentação incessante. Para algumas formas de investigação orientada pela prática artística (apenas algumas, repito) é igualmente defendida a possibilidade radical de descredenciar a palavra, sobretudo quando esta, pretendendo referir-se à expressão artística, se perde no gosto pela sofística, na usurpação e na pseudo-investigação. Para evitar esta circularidade, pugna-se pela produção de “evidência” investigativa através de processos substancialmente derivados da experimentação artística e instalativa, como pode ser observado no primeiro texto do livro. Numa tentativa de aliar a produção poética e a investigação artística, termino esta breve apresentação com Hölderlin e Annette Arlander:
“Temos vergonha da própria fala. Seria preferível transformarmo-nos em sons e unirmo-nos num cântico celestial.”
[Hölderlin, Hipérion ou o eremita da Grécia ]
“If we had waited for philosophers to agree upon a solid ontological and epistemological basis for artistic research, we might not, even now, have begun.”
[Annette Arlander, Artistic Research in a Nordic Context ]
José Quaresma
a pintura contemporânea e o rio do esquecimento — volume ll
Fev 21 2023Já está disponível o livro Manchas e gestos com emanação semântica. Transgressão plástica e eclosão do pensamento pictural, o segundo volume da obra sobre investigação em pintura A pintura contemporânea e o rio do esquecimento da autoria de José Quaresma.
“Trata-se de uma edição da FBAUL, tal como o primeiro volume de 2021. Porém, como uma parte substantiva deste vol. II consiste na investigação realizada para o pós-doutoramento, finalizado recentemente no Porto, com a supervisão do Professor Catedrático António Quadros Ferreira (que teve a amabilidade de escrever o Prefácio), o livro é também co-editado pelo Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade.
Nesta nova publicação trato da intermaterialidade da pintura, desenvolvo dez acepções distintas para a expressão “a pintura pensa”, aludo à potência instalativa do elemento pictural, viso feixes de temporalidades que a pintura emana, trato dos “vapores fluidos dos avessos” das suas camadas mais interiores, falo da “vida habitativa” do pintor, entre outros temas.”
José Quaresma
O livro ficará disponível nas bibliotecas e nas lojas da FBAUL e da FBAUP, assim como em outras bibliotecas, escolas e academias do ensino artístico.
lançamento e apresentação do livro “Identidade e Design Editorial | Edições Colibri”
Fev 19 2023
02 MARÇO 2023 > 18H30 I ÁTRIO DA CAPELA
Realiza-se no próximo dia 2 de março, às 18h30, no átrio da Capela da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, o lançamento e apresentação do livro Identidade e Design Editorial I Edições Colibri de Raquel Gil Ferreira, ex-aluna da Faculdade. O evento conta com a presença da autora, dos professores Sónia Rafael e Jorge dos Reis e com o editor Fernando Mão de Ferro.
Entrada livre.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.
O projeto de design gráfico global desenvolvido para a Editora Colibri é constituído por dois universos em relação, por um lado o desenvolvimento da identidade visual da própria organização empresarial (editora, artes gráficas, livraria), por outro lado a construção de uma coerência editorial, na definição de um panorama visual para o design gráfico das várias coleções da casa editorial em epígrafe.
De um modo extremamente meticuloso, Raquel Gil Ferreira definiu a linha gráfica da editora criando uma clara fonteira entre capas de grande sobriedade, elegância, e capas mais expansivas na sua interpretação dos conteúdos. Contudo, o que ressalta claramente é continuidade, que ainda assim é percetível no conjunto, um aspeto difícil de atingir, que aqui se apresenta de modo exemplar, assumindo de modo cristalino o papel do designer gráfico enquanto mediador.
(do prefácio de Jorge dos Reis)
manet para lá, manet para cá — catálogo disponível online
Fev 07 202313 > 22 FEVEREIRO 2023 I FBAUL
Inaugurou no próximo dia 13 de fevereiro a exposição Manet para lá, Manet para cá de José Quaresma. A exposição estará patente em diversos espaços da FBAUL, entre 13 e 22 de fevereiro.
“Manet para lá, Manet para cá é a designação da exposição de pintura e instalação pictural que toma como referente de “vaivém” o contexto artístico do próprio Édouard Manet, oscilando alternadamente na direcção do tempo que o precede e do tempo que lhe sucede. A exposição consiste na criação de cinco núcleos expositivos, sendo que cada situação instalativa integra conjuntos diferenciados de pinturas, materiais e objectos preparados para uma apropriação actual das seguintes obras do autor francês: Olympia (1863); Déjeuner sur l’herbe (1863), Stéphane Mallarmé (1884); Un Bar aux Folies-Bergère (1882); Portrait d’Emile Zola (1868). A assimilação que realizo também faz uma enfatização pessoal dos arcos temporais que o pintor francês construiu em função da desmistificação de determinadas narrativas da pintura ocidental. Deparar-nos-emos, pois, com a reconfiguração plástica de algumas das suas obras, seja no que concerne ao regresso despudorado de Manet à pintura que o precede (quando assimila processos de pintores em vários séculos de densificação do elemento pictural, como Giorgione, Raimondi, Ticiano, Velázquez, Goya, Watteau, Courbet, outros), seja ainda nas repercussões futuras que o seu legado gerou, isto é, quando Manet libertou a pintura do anacronismo de certos hábitos de “ofício” e materialização, ingenuidade de crenças, mitos e contextos interpretativos dos mesmos, tendo-se adentrado — explícita ou indirectamente — na produção de muitos artistas do séculos XX e XXI, como Picasso, Magritte, Alain Jacquet, Jeff Wall, Yue Minjun, Julie Rrap, e até Mario Sorrenti (fotografia de moda), para referir apenas alguns.
Como é sabido, para se libertar de um conjunto considerável de dispositivos e narrativas da pintura pretérita, Manet tratou em primeiro lugar (até à exaustão, diga-se) da respectiva assimilação prática e experimental, tendo conhecido inteiramente por dentro, como poucos terão logrado fazer, as obras da tradição pictórica francesa, italiana, espanhola e dos Países Baixos. Mas, mais do que ter mergulhado numa profunda investigação da diversidade dos processos de muita pintura que o antecede, não hesitou em se apropriar dos mesmos, citando-os, provocando-os, pressionando-os a coabitar picturalmente com o seu tempo, incorporando-os no interior e na singularidade da sua expressão artística.”
José Quaresma
PRÉMIOS 2011-2021
Jan 03 202311 > 29 OUTUBRO 2022 I FACULDADE BELAS-ARTES
Inaugurou no dia 11 de outubro, às 17h00, na Faculdade de Belas-Artes, a exposição “PRÉMIOS 2011-2021″, com obras premiadas de alunos e ex-alunos entre 2011 e 2021.
Esta exposição insere-se na programação das comemorações do Dia das Belas-Artes que se celebra no dia 25 de outubro. Nesta data a Faculdade de Belas-Artes comemora 186 anos da sua fundação. Neste dia será apresentado e lançado o livro “PRÉMIOS 2011-2021″ no decorrer da finissage da exposição.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado para posterior publicação.
Livro “PRÉMIOS 2011-2021″ disponível online
PRÉMIOS 2011-2021
Este livro reúne um conjunto alargado de trabalhos de alunos e alumni da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa que, entre 2011 e 2021, foram nomeados ou premiados em alguma competição nacional ou internacional. Estamos convictos de que, ao termos conseguido reunir, através de uma chamada pública, 320 obras de 220 alunos formados nos nossos sete Departamentos — Arte Multimédia, Ciências da Arte e do Património, Desenho, Design de Comunicação, Design de Equipamento, Escultura e Pintura —, tornámos este evento num inolvidável registo do valor humano e da qualidade pedagógica e científica das Belas-Artes.
Os trabalhos aqui apresentados espelham a diversidade e o cruzamento disciplinar entre a arte, o design e as ciências do património. As Belas-Artes são um espaço privilegiado para o saber e a cultura, respondendo de forma atenta e positiva aos desafios que a globalização do conhecimento traz à universidade.
Todos estes trabalhos revelam a capacitação académica e profissional dos alunos. As Belas-Artes são um lugar de aprendizagem e de experimentação que valoriza a transversalidade entre as práticas do design e da arte com os domínios da teoria e das teorias aplicadas, possibilitando aos alunos um percurso académico assente no diálogo entre a história das práticas artísticas e do design e os processos contemporâneos da criação. Trata-se de um lugar do conhecimento em que professores e investigadores, portadores de clara liberdade e de excelência pedagógica e científica, estabelecem pontes sólidas entre a transmissão do conhecimento académico e o modo como a arte e o design se relacionam hoje com o mundo profissional.
Reconhecemos também a importância destes prémios para as Belas-Artes, principalmente pelos laços que se preservam entre alunos, alumni e a instituição. Dada a quantidade de prémios registados numa só década, perspetivamos que a edição destes livros passará a ter uma periodicidade mais regular. Este livro e a sua publicação on-line constituem-se como um fundo inestimável do reconhecimento da instituição por aqueles (alunos, professores e funcionários) que permanentemente a constroem e a projetam no futuro.
Fernando António Baptista Pereira
Cristina Azevedo Tavares
Sérgio Vicente
UNIVERSIDADE DE LISBOA LANÇA A NOVA ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO: ULISBOA-EPG
Jan 03 2023A ULisboa-EPG tem por missão promover a oferta de cursos de pós-graduação, seminários e outros programas de formação avançada não conferentes de grau, desenvolvidos em articulação entre a Universidade e diferentes entidades públicas e privadas.
Um dos principais objetivos desta Escola de Pós-Graduação é preencher uma lacuna há muito diagnosticada no ensino superior português e recorrentemente reportada nos relatórios da OCDE: promover a formação ao longo da vida, destinada à população já inserida no mercado de trabalho, que procura atualizar-se e adquirir novas competências. A formação tradicional dos jovens não esgota a missão da universidade.
A ULisboa-EPG é uma nova estrutura de formação da Universidade de Lisboa, que reúne as 18 Escolas da Universidade, com as suas várias áreas de investigação e conhecimento. Organiza-se como espaço transversal de formação, em que a complementaridade de saberes e a otimização das redes existentes ao nível das diferentes Escolas da Universidade criam sinergias, entre si e com outras entidades públicas e privadas.
Aproveitando as possibilidades abertas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, em particular, pelo programa “Impulso Adulto”, a ULisboa-EPG procura atingir, até 2025, um universo de mais de 10.000 novos estudantes. Este programa pretende dinamizar a formação ao longo da vida, reforçando o objetivo de convergência com a Europa, ao longo da próxima década.
Como explica o Reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, “o PRR induziu uma motivação adicional na Universidade de Lisboa para a reorganização do sistema de pós-graduação. Ainda que atualmente atinja um nível de atividade muito significativo, está ancorado acima de tudo na capacidade individual de cada uma das várias Escolas e não tanto na complementaridade dos campos de investigação e recursos académicos diversos que é possível estabelecer, explorar e potenciar de forma interdisciplinar mais permanente.”
A ULisboa-EPG destina-se a todos aqueles que pretendam adquirir ou aprofundar conhecimentos, numa ou em várias áreas científicas, em particular aqueles que já estão inseridos no mercado de trabalho e procuram uma valorização profissional.
Para o desenvolvimento da sua oferta de pós-graduação, a ULisboa considera como objetivos estratégicos: proporcionar competências essenciais e específicas para a prática profissional; fomentar a internacionalização; aumentar a capacitação aprofundada de profissionais de diferentes áreas; facilitar a transferência de conhecimento; antecipar as necessidades emergentes de formação; promover a oferta interdisciplinar e transdisciplinar de cursos de pós-graduação.
A oferta formativa da ULisboa-EPG irá fomentar o seu carácter de excelência, a sua inter- e transdisciplinaridade, cruzando as fronteiras entre as dimensões académica, técnica e profissional, bem como a sua ligação à sociedade, promovendo um ambiente privilegiado para a internacionalização. Este projeto resulta de uma ampla articulação e cooperação com cerca de três centenas de entidades externas, abrangendo empresas, administração pública central, regional e local, instituições de investigação, e associações profissionais de vários setores de atividade.
Os cursos estão agrupados nas seguintes grandes áreas:
- Agricultura, Ciências Veterinárias
- Recursos Naturais, Ambiente e Energia
- Humanidades, Artes e Cultura
- Ciências Sociais, Ciências Empresariais e Direito
- Educação e Formação
- Saúde e Ciências do Desporto
- Ciência de Dados, Tecnologias de Informação e Transição Digital
- Engenharia, Tecnologias e Industrialização
- Território, Urbanismo e Arquitetura
Todas as informações sobre a ULisboa-EPG e a sua oferta formativa podem ser encontradas no site epg.ulisboa.pt
chiado, carmo, paris. “soirée chez lui”. desassossego e apropriação —ŁÓDŹ, polónia
Dez 12 202215 NOVEMBRO > 15 DEZEMBRO 2022 I AULA GALLERY AKADEMIA, ŁÓDŹ, POLÓNIA
LISBOA, ÉVORA, PARIS, ŁÓDŹ, FLORENÇA | 2022
Inaugura no dia 15 de novembro, mais uma exposição relativa ao Chiado, Carmo, Paris. “Soirée chez lui”, desassossego e apropriação, na Aula Gallery Akademia em Lodz, na Polónia, projecto integrado na “Temporada Portugal França 2022”, com ancoragem na Casa de Portugal, em Paris.
O evento é passível de ser registado e divulgado pela Faculdade de Belas-Artes através de fotografia e vídeo
Foi no dia 17 de fevereiro que inauguraram as primeiras três EXPOSIÇÕES relativas ao Chiado, Carmo, Paris. “Soirée chez lui”, desassossego e apropriação, projecto integrado na “Temporada Portugal França 2022” com ancoragem na Casa de Portugal, em Paris.
A primeira inauguração realizou-se às 17h00 no Jardim de Esculturas do MNAC, a segunda às 18h00 na FBAUL, e a terceira às 19h00 no Museu Arqueológico do Carmo.
Trata-se da apresentação pública de obras de dezenas de estudantes, professores e investigadores do ensino artístico superior, no sentido do alargamento das potencialidades plásticas da obra de Columbano, Soirée chez lui, cruzando alguns dos seus referentes plásticos e semânticos com a “efervescência” e o desassossego dos artistas da FBAUL e da Universidade de Évora. Por analogia, atendendo ao âmbito internacional do projecto expositivo, os artistas polacos (Lodz) e italianos (Florença) abordam a intermedialidade entre as artes visuais e as artes performativas a partir de autores das respectivas culturas, nomeadamente a pintura “Chopin’s Polonaise”, de Teofil Kwiatkowski, e a escultura “Ofelia”, de Arturo Martini.
No mesmo dia realizou-se um ciclo de CONFERÊNCIAS no MNAC sobre a pertinência da obra de Columbano, incluindo o lançamento de um livro/catálogo com vários ensaios dedicados à obra do pintor português, assim como ao domínio das artes na esfera pública.
Para informação mais detalhada sobre a vasta programação que se inicia neste dia e que culminará em Florença, no fim de 2022, sugere-se a consulta do site e do Instagram da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, do Museu Nacional de Arte Contemporânea, e do Museu Arqueológico do Carmo.
Após a consulta de todos os temas e autores que constam no PROGRAMA, poderão, em função dos vossos interesses, fazer as inscrições nos diversos ciclos de conferências através da plataforma digital da FBAUL.
Evento passível de ser fotografado e filmado para posterior divulgação.
INSCRIÇÃO NOS CICLOS DE CONFERÊNCIAS
A inscrição é obrigatória em cada uma das conferências.
Museu Nacional de Arte Contemporânea (17 de fevereiro de 2022) /INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Grémio Literário (16 de Março de 2022) / INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, Évora (03 de Maio de 2022) INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Casa de Portugal, Paris, França (20 de Maio de 2022) INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Informa-se que, devido à situação atual de pandemia e a novas medidas de controle, os ciclos de conferências poderão ser realizados através da plataforma zoom.
Já disponível o e-book do Congresso O RETRATO. Teoria, prática e ficção. De Francisco de Holanda a Susan Sontag
Dez 11 2022
18, 19 e 20 JANEIRO 2022 | FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
EVENTO EXCLUSIVAMENTE ONLINE
JÁ DISPONÍVEL O E-BOOK DO CONGRESSO!
NOTA: quando abrir o link, na parte de baixo da página, encontrará o ficheiro para dowload.
ATENÇÃO: INSCRIÇÕES JÁ ENCERRADAS
SESSÃO PITCH
Os Autores das comunicações selecionadas foram convidados a participar numa sessão pitch, onde fizeram uma breve apresentação das suas comunicações.
VEJA AQUI a gravação dessa sessão, que se realizou online no dia 18 de janeiro 2021.
NOTA: Não é permitida a reprodução de imagens ou textos apresentados neste vídeo, na totalidade ou parcialmente, sem autorização dos autores e dos editores.
APRESENTAÇÃO E OBJECTIVOS DESTE CONGRESSO
O colóquio pretende discutir a teoria e a prática da experiência artística, histórica, antropológica, social e política do retrato, bem como a dimensão ficcional que elas comportam. Situada no cruzamento de várias áreas disciplinares, a discussão aborda o retrato enquanto conceito, tema, processo, objeto (monumento e documento) e dispositivo, nos seus múltiplos desdobramentos e nas suas sucessivas atualizações conceptuais, tecnológicas e contextuais.
Mais do que definir um enquadramento temporal, o subtítulo — De Francisco de Holanda a Susan Sontag — indica a porosidade dinâmica do tema investigado nos domínios da arte e da literatura e da sua mútua reversibilidade.
Francisco de Holanda, humanista e artista Português do século XVI, é autor de Do Tirar pelo Natural, primeiro tratado dedicado ao retrato em toda a Europa, concluído em 1549, na década seguinte à do seu regresso de uma viagem a Itália realizada de 1538 a 1540, na comitiva do Embaixador D. Pedro de Mascarenhas, com o objetivo de ver e desenhar fortalezas e as obras de arte mais insignes desse território e de conhecer Miguel Ângelo Buonarroti. Após o regresso, empreende a elaboração do seu Tratado Da Pintura Antiga, concluído a 13 de Outubro (Dia de S. Lucas) de 1548, conforme se lê no final do Livro II, seguido de Do Tirar pelo Natural. Estas duas obras foram preparadas para edição e até traduzidas para castelhano em 1563, pelo conterrâneo e amigo de Holanda, Manuel Denis, também pintor, mas só viriam a ser publicadas, tanto na versão portuguesa como na castelhana, a partir do século XIX. No final do tratado Do Tirar polo Natural, Holanda afirma que o texto foi terminado a 3 de Janeiro de 1549, portanto apenas alguns meses apenas depois da conclusão dos dois Livros do Da Pintura Antiga. Tal como John B. Bury já intuíra, conforme será dado à estampa na edição bilingue deste tratado, em preparação e a ser publicitada no decorrer deste Congresso, Holanda terá escrito o Do Tirar pelo Natural quase em simultâneo com a outra obra, o Da Pintura Antiga.
Com efeito, os dois grandes pilares da Teoria da Arte de Francisco de Holanda – a saber, a imitação de si próprio, da Natureza e da Antiguidade, de um lado, e a idea, do outro – têm, precisamente, como ponto de contato o processo criativo do artista descrito por Holanda nesses seus dois primeiros tratados. A centralidade do «tirar do natural» nessa Teoria da Arte, que Holanda explana e abundantemente ilustra nesses seus dois textos, assim como nos seus Álbuns de desenho e de iluminura, especialmente no das Antigualhas, torna plenamente justificável a razão de ser de um tratado autónomo, Do Tirar polo Natural, complementar ao Da Pintura Antiga. De resto, não é só a forma do Tratado, em modo de Diálogo, que é subsidiária do modelo utilizado no Livro II, Diálogos em Roma, embora reduzida a dois protagonistas, Brás Pereira e Feramando, discípulo e mestre, sendo o segundo um «alter ego» de Holanda, mas também os conteúdos definidos no Do Tirar polo Natural, que prolongam, aprofundam e sobretudo especificam em tudo o que ao retrato diz respeito as temáticas relativas à representação da figura humana que ocupam os capítulos 38 a 41 do Livro I. Faltava, todavia, nesses capítulos, o contributo decisivo do que, ao longo dos onze pequenos diálogos do tratado Do Tirar polo Natural, o autor nos vai descrevendo como os «preceitos» para «retratar» ou «tirar do natural» a «individualidade» de uma pessoa, que distingue de forma substantiva o Retrato de qualquer outra representação da Figura Humana.
Em O Amante do vulcão, Susan Sontag parte da documentação relativa a três figuras históricas do século XVIII, para as ampliar na extensão ficcional que protagonizam como personagens ou duplos, dela emergindo como figuras estabilizadas na credibilidade dos retratos e na indagação das questões que a sua presença convoca ao longo da história da arte e da história das imagens. As figuras são o diplomata, colecionador e vulcanologista William Hamilton, a sua mulher Emma Hamilton, amante do Almirante Nelson e musa do pintor George Romney, e o Almirante Nelson. Os retratos diretamente referidos são os de William Hamilton, realizado por Joshua Reynolds, e os de Emma Hamilton, realizados por George Romney e Élisabeth Vigée-Lebrun. As questões envolvem a génese do corpo sensível, no exemplo da estátua de Condillac, e a metamorfose da estátua no mito de Pigmalião; a metamorfose dos seres nos acidentes morfológicos da terra e nos objectos naturais que deles retêm o nome e a história; o retrato ideal; a impossibilidade de descrever a beleza de um rosto ou de um corpo, delegada no artifício retórico da metáfora; o retrato como tema e como modelo; o género das estátuas: acção e quietação, narcisismo e recato; efígies: a morte simbólica; camafeus: a miniaturização do retrato; tableau vivant: representação encenada no interior de uma caixa ou no lugar cercado pela moldura própria dos quadros; o corpo em pose: suporte e objecto da representação de uma representação; o corpo como encarnação da obra; a efemeridade do corpo e a perenidade do retrato; a figura, o retrato e o reconhecimento que apaga ou ilumina o nome. E a ruína de tudo isso, por a ruína ser o inevitável destino dos corpos e das suas representações, uns e outros relegados para o futuro do tempo presente.
LINHAS TEMÁTICAS
Na conjunção destes tópicos se definem as grandes linhas temáticas do colóquio:
- O retrato como lugar e o lugar do retrato na cultura visual de todos os tempos.
- Tempo e transtemporalidade no e do retrato.
- O retrato como teoria e as teorias do retrato.
- O retrato como ficção.
Na transversalidade destas linhas propõe-se a abordagem dos seguintes sub-temas:
O corpo e o retrato; Retrato: presença e representação; Retrato, auto-retrato e auto-representação; O retrato expandido: media, intermedialidade e mediação; Retrato: iconismo, simbolismo e semelhança; Retrato metonímico; Galerias de retratos; O retrato como lugar conotativo; O duplo e o retrato; O retrato e a máscara; Retrato e género: o colecionador e a colecção; Retrato e género: o artista e o modelo; Retrato: comemoração e poder; Retrato: celebração do anonimato; Retrato: mostrar e monstruosidade; O retrato estatístico; Avatar: cópia sem original; O retrato impossível; O retrato compósito; Retrato: a profanação do corpo.
Os oradores convidados serão selecionados de acordo com a correspondência observada entre as propostas recebidas e as linhas temáticas do congresso.
LÍNGUAS OFICIAIS
As línguas oficiais do congresso são o Português, o Inglês, o Francês, o Italiano e o Espanhol.
ORGANIZAÇÃO
INSTITUIÇÕES
CIEBA – Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes, Faculdade de Belas-Artes de Lisboa
PRESIDENTE
Annemarie Jordan Gschwend (Investigadora independente)
VICE PRESIDENTES
Maria João Gamito (CIEBA/FBAUL)
Fernando António Baptista Pereira (CIEBA/FBAUL)
COMISSÃO DE HONRA E COMISSÃO CIENTÍFICA
O processo de constituição da comissão de honra e da comissão científica (ver AQUI) será concluído em função da qualidade e a diversidade temática das propostas submetidas para avaliação.
COMISSÃO EXECUTIVA
Alice Nogueira Alves
Ana Mafalda Cardeira
Glória Nascimento
Jorge dos Reis
Liliana Cardeira
Marta Frade
Maria Teresa Sabido
Teresa Teves Reis
PROGRAMA (em construção)
A sessão de abertura será proferida pela Presidente do Congresso, Annemarie Jordan Gschwend, e a sessão de encerramento pelo Professor Fernando António Baptista Pereira.
NOTA: Durante o Congresso será realizado o lançamento do livro Do tirar pelo natural / On Portraiture, de Francisco de Holanda, traduzido por John B. Bury e editado por Annemarie Jordan Gschwend e Fernando António Baptista Pereira.
INFORMAÇÕES
CONTACTOS
onportraiture.congress@belasartes.ulisboa.pt
LOCALIZAÇÃO
FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes | 1249-058 Lisboa | Portugal
arte e cultura visual
Dez 01 202215 DEZEMBRO 2022 > 18H00 I SALA 3.61
ARTE E CULTURA VISUAL é uma revista do Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA), com a periodicidade de um número anual, a sair no final de cada ano.
O âmbito a que se dedica é as artes plásticas e a cultura visual, procurando um discurso reflexivo, diverso, actual, problematizante e orgânico, que permita conferir enfoque aos dispositivos da arte e das imagens artísticas na sua ontologia e nos seus contextos.
Cada número é dedicado a um tema. Este terceiro número debruça-se sobre a DESILUSÃO.
Direcção editorial: Isabel Nogueira
Colaboradores deste número:
Ana Rito, Daniela Lisboa Gomes, Eduarda Neves, Isabel Nogueira, Javier Artero, José Carlos Pereira, Luís Manuel Gaspar, Manuel de Freitas, Pauliana Valente Pimentel, Pedro Lapa, Rui Cunha Martins, Rui Pires Cabral, Vitor dos Santos Gomes.
Entrada livre condicionada à capacidade da sala
lançamento do nº 5 da riact e ciclo internacional de conferências sobre Investigação artística
Nov 20 202230 NOVEMBRO > 13H20 I VIA ZOOM
Comunica-se o lançamento da RIACT nº5, no dia 30 de novembro, edição dedicada à Investigação Artística em domínios partilhados pela Pintura e pela Dança, cujo título é: Investigação artística da ‘projecção espacial’ e da ‘plasticidade corporal’ nos campos da dança e da pintura. Esta edição também inclui uma entrevista ao Pintor e Professor Catedrático António Quadros Ferreira.
Na mesma tarde realiza-se um Ciclo Internacional de Conferências designado: Artistic Research on ‘spatial projection’ and ‘body plasticity’ in dance and painting, com a participação de diversos especialistas entre os quais Naomi Lefebvre Sell (Trinity Laban Conservatoire, Londres) e Fernando Duarte (Director artístico de Dança em Diálogos), além de outros, como pode ser observado no Cartaz-PROGRAMA.
As conferências realizam-se através da plataforma ZOOM.
lançamento e apresentação do livro “textos de fernando pessoa sobre arte”
Nov 10 202225 NOVEMBRO 2022 > 18H00 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Realiza-se no dia 25 de novembro, pelas 18h00, no auditório Lagoa Henriques, o lançamento e apresentação do livro TEXTOS DE FERNANDO PESSOA SOBRE ARTE de Victor Correia e António Canau, com chancela da Editora Colibri e apresentação da Professora Doutora Cristina Azevedo Tavares, Vice-Presidente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
A edição conta com o apoio da Fundação Engenheiro António de Almeida.
O evento é passível de ser fotografada e/ ou filmado para posterior publicação das imagens.
Entrada livre condicionada à capacidade da sala
MadreMedia / Lusa (24/11/2022)
RTP2 – programa Nada será como Dante, sobre o livro “Textos de Fernando Pessoa sobre Arte” (31/01/2023)
Fernando Pessoa é conhecido geralmente como poeta e escritor, mas foi também um grande ensaísta, e nos seus textos de ensaio existem muitos textos sobre arte, que são pouco conhecidos do grande público e mesmo do público académico. Este livro consiste numa antologia dos textos que Fernando Pessoa escreveu especificamente sobre arte, por vezes associados também a algumas reflexões sobre literatura. Trata-se de uma antologia inédita, dado que é a primeira vez que é publicada uma antologia de textos de Fernando Pessoa focada no tema da arte. Organizámos esses textos através de diversos capítulos: a divisão e a classificação das artes, a definição e a caracterização da arte, a finalidade e o valor da arte, a psicologia da arte, a sociologia da arte, a crítica de arte, o artista, a genialidade, a celebridade, a arte e a moral, as escolas e correntes artísticas.
Este livro contém também algumas das muitas obras do artista plástico António Canau, por um lado como exemplificação de obras de arte, e por outro devido ao facto de haver neste artista relações com a obra de Fernando Pessoa, nomeadamente as figuras de animais antropomórficos, ou de seres humanos animais, que se relacionam com a tese de Fernando Pessoa sobre a organicidade da obra de arte, comparando-a a um animal. Há também em António Canau uma forte ligação aos mitos, ao oculto e à Grécia antiga, como em Fernando Pessoa. Com as obras de arte de António Canau somos conduzidos a uma espécie de cosmogonia, a uma evocação de um passado ancestral mágico, a uma espécie de regresso às origens do Homem, telúricas e culturais.
Outra característica a salientar em António Canau, relacionando-a com Fernando Pessoa, é a ligação da metamorfose, que é central na obra de António Canau, com a heteronímia, que é central na obra de Fernando Pessoa. A palavra “metamorfose”, em sentido figurado significa: alteração da personalidade, da identidade e do modo de pensar. Ora, a metamorfose, na obra artística de António Canau, é uma forma de despersonalização, e por outro lado a despersonalização, nos heterónimos de Fernando Pessoa, é uma forma de metamorfose.
VICTOR CORREIA frequentou a Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma (formação em Filosofia). Frequentou também o curso de piano, durante alguns anos, na Escola de Música de São Teotónio, em Coimbra. Concluiu a licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é pós-graduado em Formação Educacional, na mesma Faculdade, e tem o Mestrado em Estética e Filosofia da Arte, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (formações obtidas antes do Processo de Bolonha). É doutorado em Filosofia Política e Jurídica, na Universidade da Sorbonne, em Paris, onde foi orientado pelo filósofo francês Yves Charles Zarka. É pós-doutorado em Ética e Filosofia Política, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem exercido funções de docência na sua área de formação, e tem organizado e apresentado comunicações em várias conferências. É membro de algumas associações científicas e culturais. Tem publicado diversos artigos em jornais, e em revistas nacionais e internacionais. Tem também mais de vinte livros publicados, em várias editoras, sobre diversos temas.
ANTÓNIO CANAU fez o curso de Artes Gráficas na Escola Artística António Arroio, em Lisboa. Licenciou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Fez o Mestrado em Belas Artes – Master of Arts in Fine Art, Printmaking (gravura), na Slade School of Fine Art da University College, em Londres. Fez o doutoramento e o pós-doutoramento na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, onde é professor, assim como também é professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Faz parte de centros de investigação, tem sido conferencista e curador. Foi membro do Conselho Técnico da Sociedade Nacional de Belas Artes entre 2015 e 2017. Participou em muitas exposições individuais e coletivas, nacionais e internacionais. Recebeu diversos prémios nacionais e internacionais. A sua obra está representada em diversas coleções públicas e privadas, em coleções nacionais como por exemplo na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e em coleções internacionais como por exemplo no British Museum, em Londres. Desenvolve atividade artística em escultura, medalha-objeto, desenho, gravura, fotografia, e livros de artista. É Membro do Grupo Anverso/Reverso de Medalha Contemporânea.
lançamento do livro do projeto ARCTIC SOUTH
Out 26 202228 OUTUBRO 2022 | 18h00 | AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Salvem a data!
No dia 28 de Outubro será lançado o livro do projeto ARCTIC SOUTH.
O evento terá lugar no auditório Lagoa Henriques, às 18h00.
Para além da representação oficial da FBAUL, a Academia Nacional das Artes de Oslo (KHIO), as EEA grants Portugal e a Exma. Sra. Embaixadora da Noruega estarão presentes na cerimónia de lançamento.
Programa:
18h00 – Presidente da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Prof. Doutor Fernando António Batista Pereira
18h20 – Coordenadora da Unidade Nacional de Gestão dos EEA Grants Portugal, Dra. Susana Ramos
18h30 – Embaixadora da Noruega em Portugal, Tove Bruvik Westberg
18h40 – Doutora Helena Elias (FBAUL) & Doutora Merete Røstad (KHIO), Apresentação do projecto ARCTIC SOUTH e livro
19h00 – Cocktail de encerramento do projecto
Save the date!
On the 28th of October ARCTIC SOUTH project book will be launched!
The venue will take place at Auditório Lagoa Henriques at 6 pm.
Besides the official FBAUL representation, the KHIO Norwegian partner, the EEA Grants representation in Portugal and the Norwegian ambassador will be attending the ceremony!
Programme:
18h00 – President of the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon, Prof. Dr. Fernando António Batista Pereira
18h20 – Coordinator of the National Management Unit of EEA Grants Portugal, Dr. Susana Ramos
18h30 – Ambassador of Norway in Portugal, Tove Bruvik Westberg
18h40 – Dr. Helena Elias (FBAUL) & Dr. Merete Røstad (KHiO), Presentation of the ARCTIC SOUTH project and book
19h00 – Closing cocktail of the project
ARcTic South – Project Leader
corpus hermeticum de luz — exposição de mário vitória
Out 25 202227 SETEMBRO > 31 OUTUBRO 2022 I REITORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
Inaugura no dia 27 de setembro, às 18h00, na Reitoria da Universidade de Lisboa, a exposição Corpus Hermeticum de Luz de Mário Vitória, no âmbito das comemorações dos 10 Anos da Universidade de Lisboa. Esta exposição na Reitoria ficará patente até 31 de outubro de 2022.
A exposição Corpus Hermeticum de Luz irá decorrer até maio de 2023, em outros espaços, nomeadamente o IGOT, a FBAUL (com inauguração marcada para 4 de novembro de 2022), a Sociedade Nacional de Belas Artes, a Casa-Museu Teixeira Lopes, a Câmara Municipal de Arganil.
A exposição conta com pinturas, desenhos e esculturas de grande escala e obra gráfica do autor. Provenientes do acervo do artista, como a obra “Apocalipse”, e outras esculturas e pinturas de coleções privadas e obras recentes.
Os diversos espaços em que decorre esta exposição permite ao público experimentar a mesma como que um roteiro simbólico, refletindo sobre a identidade dos espaços de acolhimento e os propósitos da exposição.
A Reitoria da Universidade de Lisboa será o primeiro espaço de Exposição, a inaugurar a 27 setembro de 2022, com a obra “Apocalipse” e painéis cenográficos de grande escala que foram elaborados para as sessões das “Quintas de Leitura” do Teatro Campo Alegre do Porto. Para este espaço fazem-se mostrar esboços e maquetas preliminares que contextualizam as aspirações e os passos rumo às obras finais.
As Galerias da Sociedade Nacional de Belas Artes acolhem pinturas de escala e desenhos recentes. No IGOT expõem-se as obras que constituem a raiz de toda a exposição, dado o fundo simbólico e epistemológico que se fez da geografia e da geologia. Na FBAUL recorremos a obras de coleções particulares e obras recentes em plena execução de momento. Capela, galeria e cisterna são os pontos de exposição, num pólo que reafirma a Arte como salto de expansão e resistência das civilizações. O Museu Teixeira Lopes e Galerias Diogo Macedo acolherão a peça primordial da exposição Apocalipse e o rapto da Europa, junto de uma seleção de trabalhos recentes. Na Cerâmica Arganilense reúnem-se as obras emblemáticas, que foram expostos nos espaços anteriores. Em Arganil, fecha-se um ciclo do trabalho artístico em torno do Corpus Hermeticum, um regressar às raízes. Sendo a Serra do Açor o espaço vivo e simbólico de onde partiu o Autor.
“Trata-se de uma exposição de dimensão filosófica e espiritual, centrada na Natureza e na Condição Humana. Nasce em pleno contexto de pandemia e Guerra. Tece diálogos sobre questões pós-pandémicas e condição humana perante os estilhaços da guerra, nomeadamente as suas implicações e superações. As exposições “Animismo urgente de Futuro” e “Ouvir o musgo a crescer” são os satélites germinais de onde partiram os primeiros objetivos para a presente exposição. Objetivos esses que mostram caminhos filosóficos, alternativas inclusivas de formas diversas da dignidade humana, nomeadamente valências das “ecologias de futuro” tendo a Natureza, a Espiritualidade e a Ciência como pano de fundo.”
Mário Vitória
Ciclo de Inaugurações
27 de Setembro | 18h00
(Grande abertura e Lançamento do Livro das Exposições)
Reitoria da Universidade de Lisboa, até 31 de Outubro de 2022
Alameda da Universidade, 1649-004 Lisboa
28 de Setembro 2022 | 17h00
Instituto de Geografia e Ordenamento do Território – IGOT da Universidade de Lisboa, até 11 de Novembro de 2022
R. Branca Edmée Marques, 1600-276 Lisboa
4 de Novembro 2022 | 18h00
Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, até 30 de Novembro de 2022
Largo da Academia Nacional de Belas Artes 4, 1249-058 Lisboa
10 de Novembro 2022 | 18h00
Sociedade Nacional de Belas Artes, até 10 de Dezembro de 2022
R. Barata Salgueiro 36, 1250-044 Lisboa
12 de Novembro 2022 | 16h00
Casa-Museu Teixeira Lopes / Galerias Diogo de Macedo, até 31 de Janeiro de 2023
R. Teixeira Lopes 32, 4430-999 Vila Nova de Gaia
21 de Fevereiro 2023 | 17h30
Câmara Municipal de Arganil, Átrio Guilherme Filipe, até 24 de Abril de 2023
Praça Simões Dias, 3304-954 Arganil
21 de Fevereiro 2023 | 21h00
Cerâmica Arganilense, até 21 de Março de 2023
Rua Cidade do Rio de Janeiro, Bairro Sobreiral, 3300-145 Arganil
dia das belas-artes 2022
Out 10 202225 OUTUBRO > 10H00 I FACULDADE DE BELAS-ARTES
Dia 25 de outubro de 2022, Dia das Belas-Artes.
Nesta data a Faculdade das Belas-Artes comemora os 186 anos da sua fundação, com a seguinte programação:
10h00 — receção dos convidados (atuação da TUBA no Largo das Belas-Artes)
10h15 — visita às diferentes exposições no espaços da Faculdade de Belas-Artes
_Sansão e Dalila de Santa Rita — apresentação da obra já restaurada e registo fotográfico e em vídeo com as várias fases do restauro da obra. A obra foi restaurada com o patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa.
_Au Soir – sentidos à prova na pintura de Artur Alves Cardoso
11h15 — auditório Lagoa Henriques
_Cerimónia de entrega de duas bolsas FBAUL’OUS, com a presença do Presidente da Faculdade de Belas-Artes, Professor Doutor Fernando António Baptista Pereira
_Apresentação e lançamento do livro Prémios 2011-2021
_Apresentação do trailer Conversas com Professores das Belas-Artes
17h00 — auditório Lagoa Henrique
Apresentação e lançamento do livro Soirée chez-lui — New perspectives on Columbano’s Painting, uma co-edição da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e do Museu Nacional de Arte Contemporânea, com a coordenação do professor José Quaresma (FBAUL) e da Doutora Emília Ferreira (MNAC).
as imagens porvir e a incredulidade
Jul 31 2022
Comunica-se a edição pela FBAUL de um livro em formato digital, em “open access”, sobre a questão da “Imagem”:
As imagens ‘por vir’ e a incredulidade. Imagens para a dúvida, dúvidas sobre a imagem.
Link do repositório da UL para download gratuito do livro: http://hdl.handle.net/10451/53731
Este livro integra-se numa linha de investigação sobre a questão da imagem coordenada pelo docente José Quaresma, a saber, Imagens: entre a emanação subtil e a força devastadora. Transgressão e outras mediações plásticas, consistindo, de acordo com o coordenador da obra: “em quatro textos que dão testemunho de abordagens artísticas e filosóficas no âmbito da imagem, com os problemas partilhados da ‘crença’, da ‘transgressão’, da ‘dúvida’, da ‘intermedialidade’ e do ‘por vir’ a atravessá-los e a convidar-nos a pensar esse poder medusante da imagem que ‘troca as voltas’ a qualquer correspondência semântica realizada em circuito tendencialmente fechado. Um ‘poder’ que ressupina o mundo dos arquétipos desvirtuando artisticamente a sua natureza supra-sensível, que é capaz de impor transgressão às cadeias de reenvio que se estabelecem entre as formas, as materialidades, os signos, e os sentidos previamente visados.”
SÉCULO DE OURO: Da República Florentina ao Pós-readymade (O Manual) – Carlos Vidal
Jun 23 2022Artistic Research, Curatorial Activity and Creative Practice
Mai 01 202225 MAIO 2022 > 14H00 I VIA ZOOM
Comunica-se o lançamento da RIACT nº4, no dia 25 de maio, edição dedicada à Investigação Artística, Curadoria e Criação. Na mesma tarde realiza-se um Ciclo Internacional de Conferências designado: Artistic Research, Curatorial Activity and Creative Practice, com a participação de Emília Ferreira (Historiadora de Arte, Curadora, Directora do MNAC, Lisboa), Sabeth Buchmann (Crítica e Historiadora de Arte da Escola de Belas Artes de Viena de Áustria), Sandra Vieira Jürgens (Curadora e Historiadora de Arte do Instituto de História de Arte, IHA, NOVA FCSH, Lisboa), Cristina Azevedo Tavares (Curadora, Crítica e Historiadora de Arte, FBAUL), Gerd Elise Moerland (Curadora do Munchmuseet, Oslo), entre outros.
A participação nas Conferências (via ZOOM) é gratuita, contudo, requer inscrição prévia no site da FBAUL, podendo ser solicitado certificado de participação.
INSCRIÇÕES ENCERRADAS
Inauguração do projecto Chiado/Paris em florença, itália
Abr 27 202208 > 30 abril 2022 I sala ghiberti, accademia di belle arti di firenze, italia
https://www.accademia.firenze.it/it/component/k2/342-eventi/mostra-chiado-carmo-e-paris
Inaugura no dia 8 de abril de 2022, na Sala Ghiberti da Accademia di Belle Arti di Firenza, itália, a quinta exposição do projecto artístico ‘Un Ballo in Maschera’ pelo Chiado, Carmo e Paris. Com a coordenação de José Quaresma, docente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, a iniciativa vem materializar, uma vez mais, a matriz pedagógica, artística, social e europeia do projecto do Chiado Carmo Paris, como sucede desde 2009. As suas linhas fundamentais são estas:
(1) por intermédio de várias exposições em diversos países, assim como conferências internacionais e publicação de livro e catálogo, desenvolve-se anualmente uma relação artística e intersubjectiva entre estudantes e docentes da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e estudantes e docentes de outras instituições do ensino artístico superior na Europa. O projecto Chiado / Paris 2011, que se prolongou até 2022, estão em “confronto” a FBAUL, a Academia de Belas Artes de Florença, e a Escola Superior de Belas Artes de Lodz, na Polónia.
(2) A criação de uma densa rede institucional, na qual cooperam instituições portuguesas e europeias relacionadas com as artes visuais, a arte pública, a literatura, as artes e a arqueologia, mas também as artes performativas.
(3) A valorização crescente e diversificada do contacto entre lugares e pessoas dedicadas à produção artística com os meios sociais e culturais nos quais se encontram enraizados.
Museu Arqueológico do Carmo, Lisboa – 14/05 > 18/06/2021
Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, Évora – 02 > 27/07/2021
Casa de Portugal André Gouveia, Paris – 17/10 > 12/11/2021
Aula Gallery, The Strzeminski Academy of Fine Arts, Lodz – 01 > 30/12/2021
Sala Ghiberti, Accademia di Belle Arti di Firenze – 06 > 30/04/2022
à superfície — aldeia mineira do lousal — catálogo
Fev 16 202204.12.2021—29.01.2022 | MUSEU MINEIRO — CENTRO CIÊNCIA VIVA DO LOUSAL
Grupo Acre 74-77. Arte e dinâmicas coletivas em Portugal (mesa-redonda e lançamento do livro de Isabel Sabino)
Fev 02 202210 FEVEREIRO 2022 > 15H00 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES (PRESENCIAL) E VIA ZOOM
Realiza-se no dia 10 de fevereiro, pelas 15h00, uma mesa-redonda e o lançamento do livro GRUPO ACRE FEZ 1974-77. Arte e dinâmicas coletivas em Portugal de Isabel Sabino.
Formato misto, por videoconferência e presencial, no auditório Lagoa Henriques da FBAUL (sala sujeita a limitação de lugares) e em zoom:
Programa e participantes
Abertura:
Presidente da FBAUL Fernando António Baptista Pereira, Presidente do Cieba Ilídio Salteiro e Isabel Sabino;
- O Grupo Acre e os anos 70 – presencial
Isabel Sabino e Sílvia Chicó com membros de coletivos dos anos 70: Lima Carvalho (Grupo Acre), Jaime Silva (Grupo Puzzle) e Guilherme Parente (Grupo 5+1);
- Experiências coletivas mais recentes – videoconferência
Isabel Sabino e João Seguro com Fernando José Pereira (Virose), Carla Cruz (ZOiNA, Associação Caldeira) e a dupla Sara & André.
Imagine-se uma manhã de final do Outono em 1974, numa estrada secundária que nos afasta da cidade. São escassas as vias rápidas, o trânsito é pouco abundante e os automóveis têm todas as cores.
Num certo momento, na paisagem desenha-se um olival. O sol, ainda muito baixo, é coado pela neblina e a luz espalha-se, turvamente homogénea, pela encosta. A geada assente nas folhas e entranhada nas cavidades do terreno tarda em derreter. Faz frio.
Sons abafados de passos, vozes em interjeições soltas e raras palavras percetíveis apenas fazem adivinhar gestos e rostos, a respiração que desenha nuvens, algumas luvas incompletas nos dedos de pontas geladas. Escuta-se ainda o roçagar dos objetos usados no trabalho, o ruído arrastado de vegetação sacudida por pancadas secas de varapaus e a catadupa dos pequenos baques de tons secos e surdos. Minúsculos volumes escuros estão tombados sobre fundos amarelo ouro: azeitonas e folhas sobre o plástico estendido na terra. Um cesto além vai ficando cheio.
Alguém diz algo como “já chega por agora, vamos apanhar, está a levantar-se vento”.
Na distância, por entre a névoa a levantar na sucessão de planos de verdes diversos, há mais oliveiras rodeadas de pedaços de chão amarelo. De facto, aquelas manchas coloridas em redor das árvores — parentes possíveis de obras de Christo e Jeanne-Claude — são parte do que sobra fisicamente da longa faixa suspensa por horas no alto da Torre dos Clérigos do Porto, agitada pelo vento como um traço ondeante no vazio e ameaçando desprender-se. Nem o antigo sacristão da respetiva igreja, ali na apanha da azeitona com família e amigos, sabe que esse vento caprichoso chegou a ser hipótese de nome para aquele grupo de artistas, os que lhe deram os restos do inusitado evento: relíquia banal de um estranho gesto na cidade, é agora apenas plástico amarelo cortado aos pedaços, prosaicamente bem útil naquele olival.
Não obstante, um amarelo assim, onde a luz se cola, lembra o próprio sol que tenta brilhar entre as árvores, ou mesmo um automóvel desportivo de então, quando a televisão ainda emite a preto e branco e a cor vibra intensa na vida, na arte e nos sonhos.
Isabel Sabino
revista dobra — 8 — Palavra-problema: Fragilidade
Jan 09 2022Já está disponível online o número da Revista Dobra orientado pela palavra-problema ‘fragilidade’.
No entanto, dado o elevado número de contribuições de qualidade, esta Dobra desdobra-se em dois conjuntos: o número 8, agora disponibilizado, e o número 9, que ficará online em Janeiro de 2022.